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Publicado em 15/11/2018

Reajuste médio de 5,5% na tabela do frete anunciado pelo governo vai gerar custos de R$ 1,09 bilhão

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) divulgou em setembro a nova tabela do frete com os valores mínimos em todo o país. A medida corrige a tabela editada em 30 de maio, criada para satisfazer uma das principais exigências feitas pelos caminhoneiros no auge da greve que paralisou o Brasil por 11 dias no fim de maio.

O reajuste médio aplicado pela nova tabela foi de 5,5%, dependendo do tipo de carga, e consiste em uma compensação pelo recente reajuste no preço do óleo diesel. O aumento do diesel, por sua vez, deriva da variação da taxa de câmbio que, nos três últimos meses, acumulou desvalorização de 10,7% e do preço do petróleo no mercado internacional (+4,1% no mesmo período).

Segundo dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as despesas com fretes em todo o comércio representam 10,5% de suas despesas totais. No comércio atacadista, onde as despesas com a logística de mercadorias têm uma participação maior na matriz de custos das empresas, o peso com serviços de transportes (15,4%) é ainda mais elevado. No varejo e no comércio automotivo, esses percentuais correspondem a 6,0 e 5,1%, respectivamente.

O comércio, atividade situada no fim da cadeia produtiva, deverá sofrer direta ou indiretamente com elevação do custo do frete. Além de arcar com gastos adicionais para o escoamento de suas mercadorias, a operação do setor poderá ser impactada por repasses parciais provenientes de outros setores da economia.

No comércio atacadista de matérias-primas agrícolas e animais vivos, por exemplo, o frete consome 23,3% das despesas totais. De forma semelhante, destacam-se as participações desses gastos no comércio atacadista de combustíveis e lubrificantes (23,0%) e no atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo (21,3%). Segundo estimativas da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) para todo o universo de empresas comerciais, essas despesas com fretes somaram R$ 50,7 bilhões em 2017, sendo R$ 35,0 bilhões no comércio atacadista, R$ 13,6 bilhões no varejista e R$ 2,2 bilhões no automotivo.  

Diante do atual cenário de desaceleração da demanda, dificilmente os diversos segmentos do comércio conseguirão transferir aos preços finais o custo adicional do reajuste imposto pela tabela recém-divulgada. Ainda que nenhum outro reajuste seja autorizado na tabela até o fim deste ano, o impacto dos gastos adicionais com fretes (R$ 1,09 bilhões) corresponderá a um acréscimo final de 0,6% nas despesas totais do comércio em 2018.

Entretanto, diante das expectativas em relação à taxa de câmbio e ao preço do barril de petróleo, uma nova alta expressiva no preço do óleo diesel e, consequentemente, um reajuste da tabela de fretes ainda em 2018 parece pouco provável. Segundo recente relatório Focus, a mediana das expectativas aponta para uma taxa de câmbio na casa dos R$ 3,80 ao fim de 2018. O recente aumento nas reservas de petróleo nos Estados Unidos e a desaceleração da economia na zona do Euro e em países emergentes, por sua vez, deverá colocar menos pressão sobre o preço do barril de petróleo nos próximos meses, diminuindo, portanto, as chances de um novo reajuste do frete ainda neste ano.

Fonte: CNC


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